MARIANA ROOT
Cantares de lá e de cá
Concerto Pela Terra
E assim se vão acendendo as candeias das meninas.
Assim se vai iluminando a memória dos antigos e os novos cantos vão encontrando caminho.
Fazem pontes no tempo.
A voz das senhoras de aqui e das meninas de lá, num louvar conjunto à terra que nos dá o fruto.
ANDRÉ BARATA
Tempo-terra
Fardo Redondo
Não fazer nada está para o fazer alguma coisa como o silêncio para o escutar. O fazer que deve importar é o que brota desta terra silenciosa e que guarda uma origem no simples estar, em tantas maneiras de não fazer nada e que são formas do convívio com um tempo-terra. Que cuidam de si e do que se envolve nesse estar de si. E envolvem o tempo como se o tocassem. A começar, pois, dizemos “estamos”; depois, diremos “fazemos a estar”. Como um tempo que faz raízes.
LILIANA COUTINHO
A fala dos adufes
Fardo Redondo
Nada do que é dito acontece por causa da existência das palavras, que são uma das formas expressivas de ligação contínua entre mundos, atravessando o corpo, entre nós e a terra. Há até ditos que largam as palavras e que, vindo das árvores, do pó, das formigas, só se podem traduzir em linguagem entendida pelos humanos através do bater dos adufes, da seiva das plantas marcada nos tecidos, numa dança só conseguida por uma ou duas pessoas que versadas nesta arte da tradução.
Fotos de Vieira Guillaume © Pela Terra.