2ª Edição

O mundo rural é habitado por muitos seres. Os primeiros que nos chegam à vista são, talvez, os de cor verde - em várias tonalidades que a primavera nos traz: os pastos, as plantas que brotam, as árvores que criam raízes e se conectam por uma camada extensa e complexa, viva sob os nossos pés. As flores surgem depois, quando as chuvas ainda caem mas o calor já se faz sentir. Vibram em cores diversas que nos encantam pela sua delicadeza e pelos seus aromas quase raros. A água, sentimo-la primeiro ao longe, pelo som que se propaga nos vales e encostas; só depois nos chega a frescura que dela corre, dando vida a tudo o que pulsa. Depois, com um olhar mais atento, os insetos, que caminham e voam entre as matérias orgânicas da paisagem da qual também vivem. As aves surgem no cruzamento do nosso olhar, entre uma árvore e outra, ou em pleno voo, com penas de cores floridas e sons reconhecíveis. E os animais selvagens surpreendem-nos quando se revelam à vista desarmada.

Ao chegar à aldeia de Idanha-a-Velha, deparamo-nos com as pedras, muitas, montadas e remontadas ao longo dos séculos, servindo a cada tempo. É entre essas pedras, e toda a vida que as envolve, que nos encontramos com as pessoas deste lugar. Gentes que vivem, habitam e coexistem com a paisagem que as rodeia.

Nesta segunda edição do Pela Terra, aprofundámos ainda mais todas estas camadas do mundo rural, mas foi na aldeia, e com quem a habita, que trocámos mais vida e convivência. Escutámos com mais atenção as suas histórias, memórias e cotidianos. Os seus nomes tornaram-se familiares e as suas rotinas, mais próximas das nossas. Aprendemos que, quanto mais nos ligamos à aldeia, mais nos aproximamos da paisagem. Percebemos que a vida entre nós está intimamente ligada à vida que nos rodeia. E que é nessa realidade que coexistimos. Juntos.

Boa primavera em Idanha-a-Velha.

Bem haja.